Por
favor, tragam-me urgente um oásis!
Preciso de repouso;
Minha cabeça dói
Meus ossos estalam
e estou cansado como dez operários de
volta do serviço.
Tragam-me urgente um oásis!
Cem almofadas macias,
e a mão suave da garota da
esquina,
que não é calejada como a minha,
e pode me ensinar um caminho seguro ao
sono sem pesadelo.
Eu quero um oásis enorme!
Não uma miragem fria.
Um oásis mil-e-uma-noites.
Com odaliscas dançando...
Com camelos, beduínos, gênios, tapetes
voadores.
E debaixo das palmeiras,
numa tenda de couro,
vou tomar leite de cabra,
vou dormir a noite inteira,
e acordar beijado pela brisa;
pela mesma brisa mansa,
que balança suavemente as palmeiras do
deserto.
Não têm um oásis grande?
Não precisa ser tão grande.
Um pequeno, mesmo, serve.
Um oásis que me caiba apenas a
cabeça,
e me deixe repousar os
pensamentos;
que me faça esquecer de mim
e de tudo o que envolve minha matéria.
Tragam-me urgente um oásis!
Estou farto disto tudo!
Desta vida deserta sem esperança de
água.
Doem-me o corpo, a perna, os pés.
Minha garganta está seca,
meu espírito, exaurido.
Não tem oásis nenhum?
Nem mesmo desse tamanho?
Então, lhes suplico, enfim:
Apaguem todas as luzes...
Emprestem-me um travesseiro,
me deem um colchão macio,
e ordenem total silêncio.
E antes que eu adormeça:
tragam-me água serena e fresca,
com gosto de água do poço do meu oásis
frustrado.
Varginha 1966