CANÇÃO DA LONGE COLHEITA

É urgente atar ao canto
o ato. Fazer do som
compasso na escalada.

É preciso não ficar no canto;
mas partir. Mover. Subir.
Em tempo.

O discutido fica. Que sirva
de adubo ao campo novo. É hora
de entregar ao verde a enxada,
de não se ater ao fim da rota.
Ir.

A seu tempo foi o tempo da semente:

canto e pranto. Findo o tempo.
Floresceram. Ainda tão verdes
esperam a forma dada pelo tempo.
A tempo.

Tanta coisa, tanto chão a ver
e a remover. Demolir. Edificar.
E a procurar, tanta coisa.
Tanta coisa, tanta coisa a procurar.
Procurar.
Tanto.
São Paulo 1968


© 2022 Marcos Resende
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