NO RITMO DE TUA FESTA

Ah, que eu juro que tua festa é minha,
e minha a dança enfurecida de teus pés morenos.
Ah, que eu me esparramo inteiro em teu caminho,
Me abrindo como fruta ao gume de teu corpo,
sangrando como sol pisado por teus pés.

O que eu queria mesmo era sentir-me preso
aos elos de tua voz ditando-me caprichos,
ao teu menor desejo, às tuas neuroses,
ao teu chicote morno, ao teu pior castigo.

O que eu preciso mesmo é ver-me escravizado
à fera que há em ti e que tão bem ocultas,
à ilucidez perversa de teus sonhos soltos,
aos saltos das sandálias me cortando o dorso.

Ah, minha tirana,
flor neurótica, rosa de quatro espinhos,
dilacerante lua 
 eu quero teu domínio.
Eu quero o teu fascínio,
extravagante estrela,
me embrenhar, me embriagar em tuas armadilhas,
em tuas maravilhas me emaranhar.

São Paulo 1980


© 2022 Marcos Resende
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