Quanto ensaio espreita espaço antes do instante do abraço. Quantas bocas perguntando respostas que o olhar conhece. Quantas mãos sondando o laço, quantos passos calculados, quantos preparos tramados, quanto canto de sereia. E ela chegou tão linda.
Quanto
pranto e tempestade, quanto
nervoso no peito, quanto
pente no cabelo, quantas
olhadas no espelho, quantas
sínteses e cálculos, quantas
somas e análises, quantos
sins sincronizados, quanto
mistério nas cores.
E
ela chegou tão linda. Quantas
dores de ansiedade, quantos
amores guardados nas
flores de seu vestido. Quantas
fés tentando escuta, quantos
pés buscando dança, quanta
confiança contida, quanta
mágica escondida no
colorido das flores das
cores de seu vestido.
Quanta
luz quebrando noite brotando
do olhar escuro. Quanto
medo azul no peito, quanta
tremura no braço, quanta
evasiva de assuntos, quantos
nãos mentindo a boca, quantos
sins florindo juntos sentidos
e consentidos, quanto
olhar intencionado minado
do seu olhar.
(Enquanto
o sol derretia as
resistências do dia, ficava
à vontade a boca fazendo-se
compreendida.)
E
ela ficou comigo calçando
sapatos altos, vestindo
vestido rosa quase-mostrando
seu corpo. Como
falava sua alma de
histórias de solidão. Como
ansiava seu corpo o
apoio de outro corpo. Quantas
conversas de pontes sabia
aquela memória. Quanto
encontro merecido por
uma espera vivida cabia
naquela mão.
(Nem
me perguntem do sol que
na morte de outro dia paria
agonia em cor.)
Num
crepúsculo de sábado, respirando
o mesmo vento, vivendo
do mesmo intento, calculei-a
tão chegada. Podia
saber-me amado Por
um amor sem segredos, podia
sentir nos dedos a
pulsação de seus lábios. Podia
saber de tudo que
fincava em minha vida a
vinda daquela vida somando-se
em nova rua aos
rumos de minha estrada.
Num
crepúsculo de sábado Arrisquei-me em nova busca.